O eminente teólogo Bento XVI

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Publicado sábado, 31 de dezembro de 2022

Encontro-me diante do último trecho do percurso da minha vida e não sei o que me espera. Contudo, sei que a luz de Deus está presente, que Ele ressuscitou, que a sua luz é mais forte do que toda a obscuridade, que a bondade de Deus é maior do que todo o mal deste mundo. E isto ajuda-me a prosseguir com segurança. Bento XVI, Papa.

Faleceu o grande teólogo alemão Joseph Aloisius Ratzinger, o Papa Bento XVI, 265º sucessor de Pedro.

Sua Páscoa chega nestas últimas horas do ano que se encerra, 2022.

Um exímio teólogo, comparado, em muitos aspectos, a Santo Agostinho.

Ratzinger foi considerado o maior teólogo da contemporaneidade cristã.

Foi braço direito de outro Papa, João Paulo II.

Foi perito no Concílio Vaticano II.

Ratzinger foi professor, escritor e pianista.

Profundamente místico, de oração diária e profunda.

Atencioso, carinhoso e humilde.

Nunca defendeu uma Igreja corrompida em seus princípios de Verdade, fé e conduta em função dos modismos, dos ventos de doutrina.

Joseph sempre zelou firmemente pela tradição apostólica, conservando-a enquanto princípio ético.

Eu conheci um padre brasileiro, José Luiz Gonzaga do Prado, exegeta, tradutor de textos sagrados nos originais aramaico, hebraico e grego, que esteve pessoalmente com Joseph Ratzinger em Roma. Padre Zé Luiz me disse que Ratzinger era assim mesmo, muito simples, manso, humilde, extremamente inteligente e discreto.

Eu acompanhei a última Jornada Mundial da Juventude com a participação de Bento XVI, em Madri, na Espanha, no ano de 2011. Foi marcante, comovente e inesquecível poder ver Bento XVI em adoração ao Santíssimo Sacramento. Uma fé fundamentada, serena, confiante, transbordante.

Enquanto Cardeal, Joseph foi presidente da Congregação para a Doutrina da Fé. Neste cargo, fez alertas sobre algumas tergiversações propostas pela Teologia da Libertação, representada pelo teólogo brasileiro Leonardo Boff.

Leonardo foi aluno de Ratzinger. Mas Leonardo não aceitou as correções de seu professor e escolheu se desligar, não da Igreja de Jesus, mas da função de sacerdote, não sendo mais oficialmente um padre instituído. Desligou-se dessa função. Prossegue sua missão de outro modo... Leonardo Boff então se casou com Márcia, sua companheira até hoje, e continua palestrando, escrevendo livros e dando entrevistas. Seu irmão, o Frei Clodovis Boff, recentemente escreveu um artigo demonstrando os erros da Teologia da Libertação, fundamentado na linha de pensamento do grande teólogo alemão Ratzinger.

Joseph Ratzinger foi Papa e, num gesto de desapego e humildade, deixou o papado quando se viu sem forças para prosseguir conduzindo uma instituição complexa e bimilenar, tornando-se, com isso, Papa Emérito, dando lugar a Francisco, o 266º sucessor de Pedro.

Bento XVI passou a viver uma vida reclusa e de muita oração, jamais ofuscando o papado de Francisco.

Como eu não estou aqui representando uma instituição, e sim a história e a ciência, no campo da História, da Filosofia, da Sociologia, da Antropologia, da Psicologia, das relações interpessoais, o Papa Bento XVI deixou obras literárias magníficas, salutares, que precisam ser lidas e divulgadas, tamanho o seu saber teológico e profundo o seu conhecimento psicológico.

Bento XVI conhecia muito bem a mente humana, o coração humano. Foi um autêntico cuidador da alma humana.

Eu encerro este artigo indicando apenas duas obras literárias magníficas de Bento XVI:

- Carta Encíclica Caritas in veritate, sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade;

- Jesus de Nazaré (livro publicado em três volumes: A infância; Do batismo no Jordão à transfiguração; Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição).

Rodrigo Fernando Ribeiro

Psicólogo – CRP-04/26033