Publicado sábado, 01 de novembro de 2025

No Dia de Finados, os cemitérios se tornam palco de homenagens, orações e saudade. Mas por trás das flores e dos túmulos lavados, há uma equipe que atua com dedicação e empatia: os agentes funerários. Ou, como prefere chamar Fábio Alexandre Fagundes Domingos, proprietário do grupo Pax, “agentes de acolhimento”.
Fábio atua no setor funerário desde 2008 e transformou sua vocação em missão. “Enquanto outras crianças se encantavam com carros de bombeiros, eu me fascinava com o carro funerário. Desde pequeno, sentia que esse era o chamado que Deus me confiou”, conta.
Acolher é mais que servir
No Grupo Pax, o atendimento vai além da burocracia. Os profissionais são treinados para ouvir, orientar e respeitar o luto de cada família. “Não podemos carregar o emocional dos outros, mas precisamos estar bem para acolher. Nosso papel é ouvir, entender e homenagear a história de quem partiu”, explica Fábio.
A rotina inclui remoção e preparação dos corpos, organização de cerimônias, confecção de coroas, higienização dos veículos e entrega de cartas de condolências. Tudo feito com zelo e humanidade.
Finados: um dia de apoio e escuta
Na unidade de Tapiratiba e São José do Rio Pardo, o Dia de Finados é marcado por uma tenda de apoio montada na entrada dos cemitérios. A equipe oferece água, café, suco, rosas e mensagens sobre o significado da data. Há também atendimento de enfermagem e espaço para escuta. “É um dia intenso, mas gratificante. As pessoas gostam de conversar, de contar histórias. É um momento de memória e afeto”, diz Fábio. Infelizmente não podemos oferecer este serviço em Guaxupé.
Luto: cada dor é única
Segundo Fábio, o luto é um turbilhão de sentimentos que se manifesta de formas distintas. “Alguns vivem tudo de uma vez: revolta, tristeza, saudade. Outros passam por estágios. Cada pessoa reage de um jeito. Nosso papel é respeitar e acolher essa vivência.”
A empresa oferece acompanhamento psicológico às famílias e orienta sua equipe para lidar com o luto com empatia, sem absorver emocionalmente a dor.
Reconhecimento e legado
Apesar dos desafios e do preconceito que ainda cercam a profissão, Fábio se orgulha da missão que abraçou. “Já vivi situações em que pessoas recusaram apertar minha mão por eu trabalhar com mortos. Mas também recebo reconhecimento de famílias que dizem que tornamos o momento mais leve. Isso não tem preço.”
Para ele, trabalhar com a morte é também um convite diário à reflexão sobre a vida. “Amanhã posso ser eu. Por isso, procuro viver o bem hoje, deixar um legado. Não quero deixar herança material, mas ensinamentos.”
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