Publicado terça, 26 de agosto de 2025
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou ao Ministério da Saúde que não incorpore ao SUS os medicamentos à base de liraglutida e semaglutida, conhecidos como “canetas emagrecedoras”. A decisão representa um revés para a farmacêutica Novo Nordisk, fabricante do Wegovy, que havia solicitado a inclusão da semaglutida na rede pública.
Custo elevado e evidências científicas
Segundo nota oficial do Ministério da Saúde, a recomendação da Conitec levou em conta critérios como eficácia, segurança e custo-efetividade. O impacto financeiro estimado da incorporação dos medicamentos seria de aproximadamente R$ 8 bilhões por ano, valor considerado inviável para o orçamento do SUS.
Parcerias e produção nacional
Apesar da negativa, o governo destacou acordos firmados entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica EMS para a produção nacional dos princípios ativos. A parceria prevê a transferência de tecnologia para Farmanguinhos, unidade técnico-científica da Fiocruz, com o objetivo de ampliar a oferta de medicamentos genéricos e fortalecer a capacidade de incorporação de novas tecnologias ao sistema público.
Controle mais rígido na prescrição
Desde junho, farmácias passaram a reter receitas médicas para a venda de canetas emagrecedoras, que incluem além da liraglutida e semaglutida, substâncias como dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida. A medida foi determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após o registro de diversos eventos adversos relacionados ao uso fora das indicações aprovadas.
Preocupações com uso indiscriminado
Entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica manifestaram apoio à retenção de receitas. Em nota conjunta, alertaram para os riscos da automedicação e da venda irregular desses medicamentos, que podem comprometer o acesso de pacientes que realmente necessitam do tratamento.
A decisão da Conitec reacende o debate sobre o equilíbrio entre inovação terapêutica e sustentabilidade do sistema público de saúde, em um cenário de crescente demanda por soluções para o controle da obesidade e doenças metabólicas.