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FALECIMENTO – ANUNCIATO CARLINI NETO

Publicado sexta, 01 de novembro de 2019





No último sábado, 26, circulava pela cidade a infausta notícia de que teria falecido Anunciato Carlini Neto, o tão popular e conhecido Anunciatinho.

Perdia, assim, a sua família, um chefe exemplar, de rara envergadura, dedicado ao lar e aos filhos e netos, ao mesmo tempo a cidade, por sua vez, via desaparecer de entre os vivos um cidadão de rara envergadura e de altas qualidades e que se fez digno da estima e consideração de todos.

Anunciatinho era o filho primogênito de Cassemiro Carlini de Josina Rosa de Jesus. Era neto paterno do saudoso imigrante italiano Anunciato Carlini e de Maria Petreca. Foicasado com sua prima, Ana Carlini e deixa os filhos: José Eduardo, Núncia e Neno.

Em 1903, após minha bisavó Ana Custódia Ribeiro ficar viúva, o Coronel Antônio Costa Monteiro designou que seu empregado, Anunciato Carlini, passasse a administrar a Fazenda Pereirinhas, então propriedade de sua cunhada, Ana Custódia.

A partir de 1916, Anunciato passou a gerir os serviços da Fazenda Pereiras, então propriedade de meu avô, Manoel Gonçalves Ferraz, onde ele veio a falecer em 2 de abril de 1962. Com o avançar da idade, a administração geral das fazendas passou para seu filho, Cassemiro Carlini, tendo este permanecido à frente dos serviços até 1964, quando se aposentou.

Após a morte de Manoel Ferraz, em 1976, ocorreu a divisão do patrimônio deixado por ele, assim Anunciatinho passou a administrar as propriedades que tocaram a minha tia, Anita Ferraz, na Fazenda do Bálsamo, hoje em poder de seu filho, Marcos Ferraz Miranda.

Assim, Anunciatinho nasceu e foi criado nas fazendas de meu avô.

Dotado de inteligência penetrante e arguta, com a sua capacidade estrondosa de trabalho ele se especializou na lida das tarefas agropecuárias.

Na década de 1940 meu avô fornecia boiadas para os frigoríficos localizados na cidade de Cruzeiro, RJ. Anunciatinho era o chefe das comitivas que conduziam as boiadas tangidas até Três Corações, onde eram embarcadas nas composições da Rede Ferroviária Federal. A experiência, o cuidado e a dedicação dele sempre foi fator decisivo quando as boiadas tinham que atravessar os rios a nado, principalmente quando a correnteza estava acentuada em virtude das enchentes.

Em 1948 meu avô despachou, pela estrada de ferro, um lote de novilhas para meu tio, Mário Miranda, que deveria ser empastado em Londrina, Pr. Como a viagem era longa e demorada, Anunciatinho se dispôs a acompanhar o gado. Assim fez uma divisão no vagão gaiola, onde armou uma rede, além de ter acondicionado boa quantidade de folhas de bananeiras e capim. Nas paradas nas estações ele fornecia água e alimentação para as novilhas. Enquanto o vagão estava em movimento era necessário fazer com que as reses permanecessem de pé.

Como ele sempre dizia a viagem levou oito dias e apesar do vagão ter sido fretado ele ainda teve que pagar uma passagem de primeira classe.

Na minha infância aprendi muito com sua experiência na lida com gado. Não havia um burro xucro que Anunciatinho não domasse. Ele também tinha a incrível capacidade de domar os cachorros, que tanto ajudavam para “levantar os bois de arribada”, ou seja, aqueles que se desgarravam da manada e se embrenhavam no mato.

Anunciatinho não era de alardes, ouvia muito, falava pouco, e quando era indagado sobre qualquer assunto consultava o subconsciente para depois proferir uma resposta ponderada e segura.

A morte de Anunciatinho foi assim, quando pela cidade corria a dolorosa notícia de que ele já não pertencia a este mundo, partindo para uma misteriosa romagem de onde ninguém volta mais, sentimos que a realidade nos oprimia e que a ilusão se esfumou para sempre.

Entretanto, cumpria-se uma vontade superior. É que estava cumprida também a sua missão. Resta-nos o consolo de que foste amigo, foste sincero e foste bom.

Não seria justo que na hora em que pagas o teu tributo à morte e no instante em que a terra guaxupeana se abre para receber o teu corpo inanimado, os teus companheiros de ontem se silenciassem e não te rendessem, nesta hora extrema, a nossa homenagem de estima e de saudade.

Seu corpo foi velado no Velório Municipal e sepultado naquele dia, no Cemitério da Praça da Saudade com grande acompanhamento.

À família enlutada, as condolências do Jornal Correio Sudoeste.

Wilson Ferraz.




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