Publicado quarta, 24 de maio de 2023
Na grande jornada da vida mais um peregrino tombou, faleceu nesta quarta-feira, 24 de maio, aos 92 anos de idade, Venerando Vieira Ribeiro.
Em 16 de fevereiro último ele foi acometido por um acidente vascular cerebral, do qual não conseguiu mais se recuperar.
Venerando Vieira Ribeiro nasceu em Guaxupé a 07 de março de 1931, filho dos saudosos Estevam Ribeiro Neto e de Maria Vieira Ribeiro. Era viúvo de Stella Giunti e deixa os filhos, João Estevam, José Antônio, Fábio Augusto, 7 netos e 3 bisnetos, e muita saudade. Atualmente convivia com a companheira Divina Bernardo de Carvalho.
Se a vida gera para a morte, esta não leva consigo os que se criaram para a glorificação. Venerando soube se envolver na benquerença dos seus conterrâneos e dos seus amigos.
No universo tudo é efêmero; nada resiste a investida caliginosa do tempo, o gênio, o heroísmo, o amor, a saudade e a gratidão encerram, porém o mistério radiante da eternidade e à custa dele se revelam a todas as criaturas. Esta é a razão pela qual a reminiscência que nos fica de um ente querido, sobre cujos despojos se lança a última pedra, porém ele permanece nas vibrações do espírito e do coração como um grito comovido de angústia. Esta ainda é a razão pela qual os santos, os grandes benfeitores da humanidade vivem, mesmo depois do sossobro irremediável dos seus dias, na consciência coletiva, como as tintas na palheta dos artistas.
Guaxupé deve aos seus esforços de historiador uma parcela de bons serviços prestados e que não serão esquecidos, pois na historiografia de Guaxupé figurará sempre o seu nome e o seu trabalho, bem como no brasão e na bandeira do município de Guaxupé.
Historiador de altos méritos, ao lado do saudoso Professor Moacir Costa Ferreira, foi o articulista seguro, o argumentador de fatos e de acontecimentos do passado. Portanto foi expressiva e valiosa a sua colaboração na elaboração da segunda edição do livro "Guaxupé Memória História, a Terra e a Gente".
Temperamento ímpar de generosidade e homem vocacionado ao Bem, Venerando polarizou sua vida entre duas virtudes, a de servir a todos e a satisfação de ser útil. Por isso foi um dedicado servidor do bem público e amigo solícito de todas as horas e, nesse afã, se houve com admirável desprendimento e abnegação.
Pela sua cultura, pelos seus conhecimentos históricos, Venerando impôs-se nos meios intelectuais, o que lhe valeu uma série de títulos os mais honrosos, projetando-se muito merecidamente, com uma justa homenagem que lhe foi prestada pelo Tiro de Guerra local.
Venerando morre depois de cumprir, em vida, uma nobre missão na sociedade, na historiografia desta cidade, na grande imprensa da capital paulista, em especial nos "Diários Associados", deixando-nos um exemplo de persistência, de trabalho e de coragem e a esta terra que lhe é túmulo hoje, uma acendrada devoção e carinho.
Esta deveria ser a hora de nos calarmos para que através de nosso silêncio ouvíssemos somente o pulsar dolorido dos nossos corações. Entretanto caro primo Venerando não seria justo que na hora em que pagas o seu tributo à morte e no instante em que a terra generosa de Guaxupé se abre para receber o seu corpo inanimado, os teus companheiros de décadas de pesquisas históricas se silenciassem e não te rendessem, nesta hora extrema, a nossa homenagem de estima, gratidão e de saudade.
Aqui trazemos o nosso adeus. Não são os elogios convencionalistas de após morte. São elas, as nossas palavras, a expressão sincera de uma estima e admiração de décadas, desde quando reuníamos, juntamente com os saudosos Dr. Sílvio Ribeiro do Valle e Mário Vieira Ribeiro, nas tardes de domingo, na residência da também saudosa Dona Cota, para realização de estudos históricos.
Foste verdadeiramente um apaixonado pela grandeza desta terra, e pela preservação da história, além de prezar pela legalidade dos atos jurídicos acompanhando, por décadas, juntamente com o também saudoso Rui Pelozo, as sessões da Câmara Municipal.
Hoje ele descansa, como o bravo lutador após a réfrega. A sua memória será eternizada no coração de todos e reverenciada e cultivada com respeito e carinho.
O que Venerando fez, o que ele conseguiu com seu trabalho perseverante e o que ele estimou exercitando o seu sentimento avultarão maiores na medida do correr dos tempos.
Seu corpo está sendo velado no Velório da Praça da Saudade e será sepultado ainda hoje, às 17h00, no Cemitério Parque Alto da Colina.
À família enlutada, as condolências do jornal Correio Sudoeste.
Homenagem dos primos Maria Luiza Lemos Brasileiro e Wilson Ferraz