AJUDAR E RECEBER AJUDA. UM PASSO PARA A GRATIDÃO

Publicado quarta, 22 de dezembro de 2021

Lideranças excepcionais experimentam um sentimento maior de gratidão. Quer dizer, sentem de maneira mais ampla que tudo vale a pena e, portanto, transmitem este sentimento de forma genuína. Isto faz com que as pessoas ao redor se sintam acolhidas, amadas e desenvolvam uma amizade profunda entre si.

O ponto de partida para a gratidão é dar ajuda quando alguém não pede e pedir ajuda quando precisa. Ambos, sem a preocupação de haver um julgamento por não estar, de alguma forma, sendo capaz de fazer algo. Quem renuncia a si para ajudar o outro sente a liberdade de pedir ajuda quando precisa.

O trabalho é mais efetivo em um ambiente favorável a dar e receber ajuda. Este tipo de comportamento é aprendido, estimulado e permitido, a partir do exemplo dado pela liderança, guardiã deste valor.

Pense que ser uma liderança capaz de expressar gratidão te trará um sentimento de plenitude. A inteligência emocional ou, como gosto de dizer, o equilíbrio emocional e sua aplicação prática, ou seja, quando a expressão das emoções é adequada, traz consigo o sentimento integral de gratidão.

Lideranças excepcionais sabem que ser verdadeiramente inundadas por esta sensação de gratidão é algo que traz muita positividade para as pessoas, elas se enchem de vontade e de bem-estar. Por causa destas sensações emocionais é que a gratidão importa. Somos gratos pelo quê? Pela ajuda que recebemos, pelo aprendizado que tivemos, pelo conjunto das coisas que fazemos serem, de modo geral, melhores do que antes.

Ajudar e pedir ajuda favorecem atitudes empáticas. Às vezes me perguntam o que é a empatia e como medi-la, sempre respondo que é bem simples. As pessoas estão dando e pedindo ajuda? Então, este é um forte indicador de empatia.

As pessoas mais gratas têm uma maior generosidade, sabem que precisamos uns dos outros para lidarmos com a vida e os seus obstáculos. Ao ser grata, a liderança permite que este sentimento se espalhe pelo ambiente tornando-o mais acolhedor.

Outro dia falava em uma entrevista sobre esse sentimento ser algo verdadeiro ou apenas mais uma obrigatoriedade. Muitas lideranças agradecem por isto ou por aquilo, apenas como algo protocolar, porque é importante dizer que as pessoas fizeram um bom trabalho. Dá até uma vergonha alheia, não faz o menor sentido se não é algo que esteja experimentando. A gratidão genuína é recompensada, a falsa é percebida rapidamente e, ao contrário, depõem contra a imagem da liderança.

Será que é só a liderança que tem de agradecer? Não! Este é outro ponto chave. As pessoas têm de ser maduras o suficiente, emocionalmente, para saberem que a gratidão deve vir de todos e não só da liderança. Ajudar e pedir ajuda pode ser ensinado pela liderança e precisa ser praticado claramente por todos.

Estava falando com um time que se preparava para um feedback 360 com sua liderança e eles só listavam coisas que achavam que a liderança precisava melhorar, nada de bom para agradecer. Perguntei se havia algo e a lista foi grande, estavam apenas desatentos e cobrando que a liderança fizesse mais e lhes desse melhores respostas sem, no entanto, reconhecer muitas coisas boas que já eram feitas.

Este exemplo de um time que não tem nada de positivo a dizer revela com uma dinâmica de exigência constante, onde se cobra sempre mais, sempre melhor ou, ao encontrar um erro, onde todos acham que se deve procurar um culpado. Talvez por situações como estas serem tão constantes, poucas pessoas queiram pedir ajuda, afinal, por ser algo recíproco alguém ira “cobrar” o favor, então, melhor fazer menos e não ser ajudado, certo? Lógica ruim, mas que infelizmente ainda acontece.

Precisamos encontrar na importância do grupo um motivo para a empatia, para a ajuda mútua e, consequentemente, para a gratidão. Estar com as pessoas é ter um ambiente em que se pode ser vulnerável, onde se pode dizer que não sabe das coisas, um ambiente para aprender com os outros porque todos importam. Voltar para este grupo em meio aos obstáculos e dificuldades do dia a dia tem de ser algo de valor.

Gratidão é deixar de se preocupar com o que o outro vai pensar e começar a sentir que tem com quem contar. E esta é uma ação intencional que a liderança pode dispor para moldar seu grupo.

A história da liderança excepcional se passa num espaço onde o que importa é a jornada e o sacrifício de renunciar a si mesma para atender ao outro. Atitude essa que é ensinada a todos que fazem parte de seu grupo. Não é só o olhar imediato sobre as entregas, mas um olhar profundo sobre a importância de estarem juntos e sobre como apoiar cada um em seu desafio, porque as pessoas ali também acolherão quando necessário.

Esses dias, falei com um time de gerentes que passou pela transição de sua diretoria, um dos membros do time estava tendo dificuldades com o novo diretor, sua relação não estava na mesma positividade estabelecida com o líder anterior. Sabe o que o time fez? Procurou refletir junto e ajudar o colega a mudar sua forma de se relacionar, acolhendo suas dificuldades e dividindo ideias de como serem melhores. O legado deixado pela liderança anterior era visível no vínculo e comprometimento de todo o grupo.

Como liderança excepcional não deixe de trazer a empatia, a ajuda e a gratidão como valores fundamentais para os membros do seu time.

1- Estimule as pessoas a pensarem umas nas outras mais do que nelas mesmas.

2 – Fale sobre o que fizeram, reconhecendo que os sacrifícios feitos trouxeram aprendizados importantes para se chegar aos resultados;

3 – Faça os momentos de reunião de grupo serem em favor do grupo, não foque só em partes técnicas e entregas. Cuide sempre de acolher o que as pessoas sentem e vivem, compartilhando dores ou dificuldades como parte do caminho.

Lembre-se: Lideranças excepcionais têm intenções claras de criar ambientes onde a vida bem vivida leva em conta as dificuldades e dores como parte do caminho.

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