Publicado quinta, 02 de dezembro de 2021
Neste momento difícil que vive o país, e por conseguinte Guaxupé, diante da pandemia do Coronavírus, com a economia em recessão, com um alto índice de desemprego, parece que a mesa diretora da Câmara Municipal de Guaxupé, salvo melhor juízo e entendimento, se mostra no mínimo insensível diante dos problemas.
Os servidores públicos “concursados” das três esferas da administração pública vêm contribuindo com a sua parcela de sacrifícios diante da crise que vivemos, com os salários congelados há dois anos.
O artigo 39 da Constituição Federal estabelece que a regra geral para ingresso no serviço público é através de concurso público, porém os cargos de assessor, diretor e chefia poderão ser preenchidos por portaria, o que, em tese, poderá significar um verdadeiro cabide de emprego para apaniguados dos gestores públicos.
Ao longo das últimas legislaturas a Câmara Municipal vem passando por uma verdadeira desmoralização, com a chamada farra das diárias, aumento irregular de subsídios de vereadores, contração de assessores de vereadores, pagamentos de jetons pela realização de sessões extraordinárias, entre outras. Alguns dos ex-vereadores já se encontram condenados pela Justiça e outros em fase de recurso.
Se tudo isto já não bastasse, ainda se verifica um verdadeiro “toma lá da cá”, ou seja, o vereador aprova tudo que o executivo envia na condição de que a administração atenda favores políticos de apaniguados dos nobres edis.
Depois de passar por uma verdadeira desmoralização, no apagar das luzes de 2012, os vereadores de então, na tentativa de moralizar a Casa do Povo, eliminaram os cargos de assessoria da Câmara Municipal, o de assessor jurídico, de comunicação, do presidente, e de vereadores. Bastou a virada do ano, numa nova legislatura, para que os cargos de assessor, do presidente, de comunicação e jurídico fossem ressuscitados. Vale lembrar que o Poder Legislativo já contava com “advogado” contratado por concurso público. Na época a população protestou, mas a nova imposição foi empurrada goela abaixo dos munícipes.
Ainda em 2013, aproveitando-se da possibilidade da contratação por portaria, ou seja, sem concurso público, foram criados os cargos de diretores, administrativo-financeiro, de assuntos legislativos e de diretor da Escola do Legislativo.
A atual mesa diretora da Câmara Municipal pretendia ressuscitar quatro cargos de assessor de vereador, inclusive o projeto de lei já tinha sido inserido na pauta da última sessão ordinária. A repercussão diante da opinião pública foi a pior possível, inclusive com comentários nas redes sociais. Até mesmo para evitar um desgaste político ainda maior a proposta foi retirada da pauta.
Finalmente, foi marcada a 14ª sessão extraordinária para a última quarta-feira, 1º de dezembro, em cuja pauta constava nova alteração no organograma.
A intenção da mesa diretora é de que, na prática, os subsídios dos diretores (administrativo-financeiro, de assuntos legislativos e da Escola do Legislativo) fossem aumentados equiparando-se aos assessores jurídico (procurador geral do Legislativo), do presidente e de comunicação.
Colocada a proposta de alteração em discussão durante a realização da última sessão extraordinária, três vereadores se posicionaram contra, Gustavo Vinícius, Heverson e Marcelo Cunha, sendo aplaudidos pelas poucas pessoas que se encontravam no recinto. Apesar dos três votos contrários, a proposta foi aprovada em primeira votação. A expectativa é de que a segunda votação ocorra amanhã sexta-feira, numa sessão vespertina.
Falando à reportagem do jornal, um dos vereadores que votou contra mencionou que, caso a população compareça na sessão e se manifeste contrária à alteração, “os vereadores não vão aguentar o aperto e a medida será rejeitada”.
A criação de cargos comissionados pode ter amparo jurídico, porém poderá significar uma verdadeira imoralidade e um desrespeito para com os servidores de carreira, cujos salários se encontram congelados há tempos, e para com os munícipes, que pagam os tributos. Portanto, “nem tudo que é legal é moral”!