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Homenagem a Sílvia Lúcia Costa

Publicado quinta, 23 de janeiro de 2020





Em dezembro de 2015, ela concedeu entrevista para o CORREIO SUDOESTE, da qual também foi colaboradora.

Faleceu na noite desta quinta-feira, em Guaxupé, a jornalista Silvia Lúcia Costa. Seu corpo está sendo velado no Lar São Vicente.

Abaixo, republicamos sua participação em nosso jornal: 

 

Guaxupeana torna “Jornal Escola” referência no país

Sílvia Costa se tornou Educadora para atender aos anseios familiares. No entanto, ao viabilizar o Programa Jornal Escola, por 16 anos, contribuiu com a Educação e o Jornalismo. Este trabalho foi objeto de dissertações de mestrado e uma de doutourado. Hoje, Sílvia participa de movimentos de paz, do Grupo de Amigos da Biblioteca de Guaxupé e outros projetos.

 

Casados em 1941, os guaxupeanos Carmélia Remédio Costa e Odilon Costa tiveram quatro filhos: Adilson, Sílvia (1944), Raquel e Márcio. Recém-alfabetizada no Grupo Escolar Barão de Guaxupé, Sílvia Costa já lia parte do jornal Estadão para o avô que tinha deficiência visual.


Ela foi uma menina que subia em árvores, nadava, brincava de circo e outras alegrias. Se não fossem as aulas de crochê aos seis de anos de idade, brincaria mais. Aproveitou bem a infância e também se comportava de acordo com o padrão de uma típica família mineira. Havia cobranças rígidas para os filhos terem os melhores resultados escolares.


A disciplina familiar foi reforçada quando ela estudou no Colégio Imaculada Conceição. A contragosto e por determinação dos pais fez o Magistério. Por vontade própria, concluiu o curso técnico em contabilidade, na Academia de Comércio São José. Ingressou na primeira turma de Letras da Fafig. Quis  abandonar o curso, mas cedeu à insistência familiar. “Não queria ser professora, tudo menos professora”, enfatiza. No entanto, era jovem e sem coragem suficiente, na época, para buscar outra profissão.


Em 1969, casou-se com Vasco  Vasconcellos Barros e mudou-se para Santos. Tiveram dois filhos: Sérgio Luís e André Luís e conviveram casados por 23 anos. Na cidade portuária, Sílvia reingressou na carreira do magistério e nos movimentos educacionais e culturais que se sucederam.

Mesmo não se identificando com a profissão de Educadora, assumiu essa responsabilidade e cumpriu bem o ofício de professora e outras funções ligadas à Educação, sempre buscando inovações nessa área. “Eu me jogava de cabeça a cada novo ciclo na esperança de mudanças. Mas foi dificílimo. Eu tinha outros sonhos, outro foco”.


As mudanças idealizadas foram surgindo gradualmente.  Em 1978, ela se pós-graduou em Comunicação e Expressão pela Faculdade Barão de Mauá, em Ribeirão Preto. Sempre buscando novos saberes, concluiu uma terceira pós-graduação, em Programação Neurolinguística, pela Unaerp.


Desde que começou a lecionar usava o jornal como ferramenta de ensino, experiência que foi adquirindo por si própria. De 1964 a 1969, foi professora de 1º, 2º e 3º graus em Guaxupé, na E.E. Dr. Benedito Leite Ribeiro e Fafig. Lecionou também em São Carlos. De volta para Santos foi  assistente técnica na Diretoria Regional de Ensino do Litoral e se aposentou em 1991, numa escola santista.


Aposentada, Sílvia  desenvolvia um trabalho voluntário com deficientes visuais e, a pedido de  uma amiga cega, foi a um Congresso de Jornalismo Científico em busca de informações sobre  recurso de informática, recém-criado para facilitar a comunicação dos cegos. Não encontrou a informação procurada, mas percebeu que a preocupação da maioria dos participantes era como aumentar o número de leitores de jornal e despertar o interesse das pessoas pelo jornalismo científico. Sílvia entrou no debate  e falou sobre a necessidade de se investir na formação de novos leitores através das escolas. Daí começa o seu engajamento na integração de Jornalismo e  Educação.

Transpondo fronteiras e tabus

E assim, começou a ser idealizado o programa Jornal Escola e Comunidade, JEC. A partir de 1992 foi viabilizado pelo jornal A Tribuna de Santos, com concepção e estrutura da educadora Sílvia Lúcia Costa. Para cada empresa jornalística, ela desenvolvia um projeto personalizado. Um dos proprietários de A Tribuna, Roberto Clemente Santini, deu total abertura para Sílvia assessorar empresas jornalísticas e expandir o programa da ANJ, para que chegasse ao maior número de escolas, em especial aquelas carentes de recursos.


Para conscientizar profissionais de educação e coordenadores das empresas de comunicação de que o jornal é uma fonte de informações, e não simplesmente uma ferramenta para os conteúdos curriculares, Sílvia lançou o livro “Jornal na Educação”, o dvd “Leitura Apreciativa de Imagens de Jornal” entre outros trabalhos.


Nos 16 anos em que coordenou esse programa na Tribuna também implantou e assessorou vários projetos pelo país. A ANJ e as associações de jornais do interior de diversos  Estados promoveram inúmeros workshops, oficinas e seminários. As regiões com maior assessoria foram os jornais do interior de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.  Muitos projetos temáticos sobre a utilização do jornal ainda criados por Sílvia,  como “Lições de Vida através de Notícias de Morte”, “Direitos Humanos – o jornal como recursos de conscientização” , “Educação Política” e  várias outras abordagens.

 

Em 2008, Sílvia Costa repassou o trabalho para uma jornalista que deu continuidade ao JEC na Tribuna.


Tese de Mestrado sobre o JEC e Sílvia

A jornalista Arminda Tereza dos Santos Costa concluiu em 2014 a dissertação de mestrado, na Universidade Católica de Santos, sobre “Jornal Escola e Comunidade – A Tribuna Trajetória de uma Educadora (1992-2008)”. O estudo revela a contribuição de Sílvia Costa como gestora, idealizadora e construtora do JEC.

Através do jornal A Tribuna, o JEC incluiu escolas  de 1° e 2° graus, curso superior, Educação de Adultos e Educação Especial. Chegou a atender cerca de 300 unidades escolares por ano. Segundo dados coletados em 2013 havia 100 escolas da rede pública e privada cadastradas nesse programa, com a finalidade de estimular professores a trabalhar o jornal como ferramenta de educação e cidadania. A pesquisa também mostrou que já tinham sido atendidos cerca de 80 mil alunos e 2 mil professores.


Sílvia declara: “tudo que era tabu eu entrava”. Com este ideal, ela se integrou na cultura da paz, participou de pesquisas de evolução da consciência, de movimentos holísticos e diversos segmentos espiritualistas.  Quando retornou a sua terra natal, em 2009, participou da ONG Angakira – Associação de Apoio Social e Ambiental de Guaxupé e iniciou o Movimento de Cultura de Paz- Guaxupaz  (Conheça o site: www.guaxupaz.com.br).


Atualmente participa do projeto GRABI - Grupo de Amigos da Biblioteca de Guaxupé, que tem uma coluna no Correio Sudoeste. Em relação aos filhos, está torcendo para que André Luís se dê bem no projeto de pesca em Santa Catarina. Do casal Sérgio e Alexandra, ela tem curtido a neta Sophia, de 7 anos.




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